terça-feira, 30 de junho de 2015

Misandria

Misandria
Você sabe o que é?
 
                Se Misoginia é o ódio às mulheres, Misandria é o ódio aos homens. A Misandria pode ser uma reação à Misoginia. De tanto se sentirem abusadas, desrespeitadas, humilhadas por homens, mulheres podem desenvolver o mesmo ódio para compensar. É possível que mesmo sem terem recebido diretamente uma agressão masculina, as mulheres herdem inconscientemente as dores de suas ancestrais.
                O movimento feminista conquistou muito terreno para as mulheres. Há pouco tempo atrás as mulheres não tinham direito ao voto, não tinham os mesmos direitos que os homens. No código civil antigo as mulheres eram consideradas relativamente incapazes. Sofriam preconceitos se trabalhavam fora, e também se eram divorciadas. Era comum a mulher viver à sombra do homem, e serví-lo. O feminismo precisou chegar com agressividade, para confrontar os homens misóginos e tentar buscar um equilíbrio, este foi o custo da emancipação da mulher. Foi uma luta para sair do lugar de submissão.
Porém a conquista feminina veio acompanhada de um ônus da sobrecarga. Porque além de continuar a trabalhar em casa e cuidar dos filhos, foi à luta para estudar e trabalhar. Nem todos os homens acompanharam a essa evolução e continuaram esperando o jantar na mesa, a roupa lavada e passada. Alguns dividem o trabalho doméstico e a criação dos filhos, outros ainda não.
Doenças que antes só eram acometidas aos homens começaram a chegar para as mulheres, fruto de um desequilíbrio. Doenças cardíacas eram mais comuns em homens, devido a stress e ao ritmo de trabalho. Hoje as mulheres já quase se igualam aos homens nos procedimentos cardíacos.
                Interessante observarmos homens e mulheres com coração precisando de procedimentos cirúrgicos. Será que esse ódio não tem obstruído corações? 
                Hoje ainda vemos muitas injustiças no mundo contra as mulheres, generalizar como se todo homem fosse um tirano é que não cabe. As generalizações são distorções da realidade. Existem pessoas de todos os tipos nos dois gêneros. A misandria acabou fazendo de algumas mulheres tiranas com os homens e trocando de lugar com eles. Pré-conceitos são passados de geração em geração em frases do tipo: “Homem não presta”, “Os homens são fracos”, “são infantis”, “Todo homem é galinha”, ou “todo homem trai”. “Quem precisa de homem?”
                Existem pesquisas que afirmam que homens traem mais do que mulheres, mas será que todo homem trai? Será que todos os homens são fracos? Fracos como? Percebemos mágoas e ressentimentos  por detrás destas frases e uma tentativa de diminuir o sexo masculino para poder se re-empoderar.
                Mas sabemos que diminuir o outro para se sentir grande tem um efeito muito transitório. É preciso mergulhar nas suas próprias dores, limpar o terreno, retirando as ervas daninhas que impedem que sementes de amor e compaixão brotem. Nós escolhemos o que cultivar, se o ódio ou o amor. O julgamento nos afasta do amor.
                Há mulheres misândricas que querem muito ter um companheiro, mas ao menor sinal de erro masculino saem detonando os homens e acabam por afastar aquele que mais queria por perto. É preciso se deter a olhar, quais referências de masculino, a mulher possui. Como foi e são as experiências com os homens de sua família: pai, avôs, irmãos. Muitas vezes mulheres carregaram sentimentos que não são seus, mas de sua mãe, avós, tia avós ou bisavós. Uma auto-análise, uma pesquisa biográfica e de seus ancestrais torna-se necessário para a compreensão desses sentimentos de aversão e que impedem a mulher de abrir seu coração.
Temos em nossa história uma situação de grande injustiça com as mulheres. O número de mulheres mortas em fogueira, tidas como bruxas, na época da Inquisição se assemelha ao número de mortos em campos de concentração. E quando não foram mortas, foram proibidas de mostrarem qualquer sabedoria ligada à natureza ou simplesmente expressar sua intuição e sensibilidade.
                Esses registros ficaram no inconsciente de ambos os sexos. Mas agora é hora de fazermos uma nova escolha: continuar a perpetuar essa disputa ou apaziguar o coração? Se a escolha for pela transformação, um novo caminho precisa ser percorrido: do ódio ao amor. Por baixo de todo ódio tem dor. Parar de escamoteá-la e sim confrontá-la para que ela passe. Não só por você, mas por toda sua linhagem feminina. Perdoar e fazer as pazes com o masculino. É preciso sair do querer ter poder sobre o outro para sentir o poder do amor compartilhado. Encarar os medos que fazem a mulher se armar e ficar na defensiva.
A agressividade vem também pelo medo de se sentir subjugada. Uma vez estando em paz com essas dinâmicas internas é possível enxergar o homem sem essas influências históricas. É preciso zerar para poder enxergar o outro como ele realmente é e se abrir para todo campo de possibilidades de parceria e troca de amor que um relacionamento pode oferecer. É necessário trabalho e consciência para reescrever a partir de agora uma nova história, se não quisermos continuar a repetir.
                Entre seres humanos heterossexuais, o homem carece da companhia da mulher e a mulher do homem. Admitir isso não passa por se sentir diminuído. E sim que homens e mulheres podem se acrescentar, apoiar e enriquecer suas experiências de vida, se souberem honrar o que há de mais precioso no outro e também respeitar as fragilidades de cada um.
                Tem gente que se viciou em sofrimento e arrasta corrente de desencantos de relacionamentos antigos. É preciso dar um basta, gritar chega! E se permitir curtir toda magia do amor e estar predisposto ao prazer da felicidade.
                Feliz dia dos namorados!
Sílvia Rocha – Psicóloga transpessoal (crp:05/21756), Especialista em Psicologia Junguiana, Arteterapeuta, Consteladora Familiar Sistêmica

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