terça-feira, 30 de junho de 2015

Misoginia: Você sabe o que é?









Misoginia: Você sabe o que é?

            Tão comum em nossa sociedade, em empresas e infelizmente tão comum dentro dos lares, a Misoginia se refere ao ódio, desprezo ou repulsa ao gênero feminino. Pode se manifestar em diversas graduações desde piadas até a violência física contra a mulher. Difícil crer que isto seja tão normal e justamente por falta de informação é que se cria uma aceitação em torno de certos comportamentos que depreciam a mulher.

            A própria mulher muitas vezes se coloca em posição de menos valia, basta ligar a TV e ver mulheres em comerciais, posando como prêmios, sendo reduzida a seus aspectos corpóreos e sensuais. Não que isso não seja um belo atributo feminino, a redução a objeto é que é o problema. Tanto homens como mulheres são responsáveis por isso. Mulheres precisam aprender a dizer não, para certos papéis, que são convidadas a entrar. Basta acordar para isso. Homens precisam descobrir que as mulheres têm muito mais a oferecer do que simplesmente satisfazer seus instintos básicos.

Historicamente temos uma carga pesada de se carregar quando no mito de Adão e Eva, a mulher é tida como causadora da queda do paraíso. É a mulher que peca, que tenta o homem, que é a raiz de todo mal. A mulher fica condenada nesse lugar e somente na imagem de Virgem Maria, como mulher santificada, é que o feminino se enaltece. O feminino fica cindido e a mulher ou é santa ou é pecadora, prostituta como Maria Madalena fora primeiramente concebida.

Não é à toa que encontramos até hoje homens que mantém uma mulher “santa” em casa para ser mãe de seus filhos e uma amante para ter com ela seus momentos de prazer. Homens e mulheres pela metade, que não podem ser plenos em seus relacionamentos. Em escritos mais contemporâneos, encontramos Maria Madalena como esposa de Jesus, fiel e parceira. Essa imagem de um casal sagrado já nos inspira mais a encontrar o equilíbrio e harmonia entre gêneros.

            Uma outra redução que ocorre com as mulheres é serem colocadas no lugar de “muito emocionais, loucas, irracionais, não pensam direito”. Homens desrespeitam mulheres e mulheres acolhem como se merecessem. Não só violência física agride, mas a verbal pode doer e  muito:

“Não é nada disso, você está viajando de novo!”, “Você não entende nada sobre isso, melhor ficar calada”, “Impressão sua, nada a ver”, “Você está exagerando, pare de surtar!”

Yashar Ali, escritor e colunista de Los Angeles, dá o nome de “Gaslaitear” a essa forma de manipulação que induz as pessoas a se sentirem insanas, diminuídas, frustradas e depreciadas. Segundo ele:

“O termo vem do filme de 1944 da MGM, "Gaslight", estrelando Ingrid Bergman. O marido de Bergman no filme, interpretado por Charles Boyer, quer tomar sua fortuna. Ele se dá conta de que pode conseguir isso fazendo com que ela seja considerada insana e enviada para uma instituição mental. Para tanto, ele intencionalmente prepara as lâmpadas de gás (no inglês, "gaslights", vindo daí o nome do filme) de sua casa para ligarem e desligarem alternadamente. E toda vez que Ingrid reage a isso, ele diz a ela que está vendo coisas. Nesse contexto, uma pessoa gaslaiteadora é alguém que apresenta informação falsa para alterar a percepção da vítima sobre si mesma.”

Essa forma de manipular ou menosprezar nem sempre é consciente. E é aí que mora o perigo. É preciso prestar atenção.   É algo que está tão arraigado, proveniente de uma sociedade patriarcal onde homens querem estar no controle e no poder, porque provavelmente temem o poder feminino, mas que pode ser desperto de uma hora para outra, num estalo de tomada de consciência. Não sem trazer uma mexida com estruturas dos casamentos, das famílias e consequentemente da sociedade.

A misoginia acompanha o patriarcado para manter a mulher numa posição de subordinação, diminuindo seu acesso ao poder e consequente tomada de decisão. Esse ódio às mulheres é histórico, mas também pode ser proveniente de uma experiência particular de primeira infância. Um misto de necessidade do feminino com temor. É a mãe que nutre e que ameaça. Há uma fantasia de aniquilamento pela mulher que também o mantém vivo. Sendo assim a misoginia vai variar de homem pra homem, segundo suas experiências individuais com seus pais. A relação dos pais também vai influenciar diretamente esses tipos de comportamento. Se a criança assiste o pai desrespeitando a mãe, é isso que vai aprender.

A mulher é a detentora do princípio feminino de se relacionar, de sentir e intuir, assim como o homem do princípio masculino do pensar e fazer. Esses aspectos já foram mais segmentados, hoje vemos mulheres com intelecto muito desenvolvido e uma excelente capacidade prática; assim como homens com aspectos femininos, intuitivos e sensíveis. Casais podem se beneficiar de suas semelhanças e também de sua complementariedade, num caminho de evolução em parceria.

Para isso há que se limpar esse registros de Pré-conceitos contra gênero. Sentimentos às vezes herdados que impedem de viver um amor pleno. Homens e mulheres podem rever e buscar onde está a misoginia e misandria de cada um, com aceitação e amor. Violência se combate em sua raiz com amor e não com mais violência. E o que é Misandria? É o ódio das mulheres contra os homens, mas isso já é assunto para outro artigo. Até a próxima!

Sílvia –psicóloga transpessoal formada pela UERJ (crp:05/21756), especialista em Psicologia junguiana, Arteterapeuta e Cosnteladora Familiar Sistêmica
 
 



 

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